O novo app do Financial Times para iPad e iPhone, lançado esta semana, parece um aplicativo convencional para os gadgets da Apple. O visual é idêntico. A navegação também. Mas isso é só aparência.
Em vez de viver no mundo fechado do iPad, o app do FT vive no ambiente aberto da internet. É, na verdade, uma nova categoria de produto: o web app. Adota a interface do iPad e do iPhone, mas escapa das exigências feitas pela Apple à mídia. Pode ser acessado por todo mundo pelo browser.
“Tudo o que um app iOS pode fazer a web faz melhor”, disse Rob Grimshaw, o diretor online do Financial Times, ao site paidContent.org. Segundo as estimativas dele, cerca de 50% do tráfego do FT no iPad já vinha mesmo da internet.
Até o dia 14, o app está aberto a todos, sem cobrança, para ser experimentado. Basta salvar o endereço na home do iPad e do iPhone e autorizar maior espaço para armazenamento. Para que mais espaço? Para armazenar conteúdo no próprio aparelho: o app permite leitura offline. Um simples registro garante o acesso ilimitado.
Depois do dia 14, é preciso pagar para ter acesso completo ao conteúdo do app. Para quem faz uma assinatura anual standard, uma semana de Financial Times custa 4,99 dólares. Que vão direto para o caixa do FT, sem os 30% cobrados pela Apple de todos os apps vendidos em sua loja.
O Financial Times não é o primeiro nomão da imprensa a evitar a loja da Apple. A Playboy fez a mesma coisa em maio, mas por outro motivo: com seu conteúdo, não caberia mesmo dentro das regras da Apple relativas a nudez e sexo.
O FT é o primeiro nome de grande prestígio a lançar um web app por não concordar com as limitações comerciais impostas pela Apple à mídia. Um dos sites mais bem-sucedidos do mundo, com 224 mil assinantes e 1 milhão de downloads de apps para tablets e smartphones, achou que poderia voar solo, se necessário.
Isso não quer dizer que o Financial Times e a Apple cortaram relações: as discussões entre as duas partes continuam, na tentativa de chegar a algum tipo de acordo, segundo o paidContent.org. Agora, evidentemente, em novos termos.
O web app do Financial Times pode se tornar um marco em termos de internet móvel. É desenvolvido em HTML5, a tecnologia considerada mais promissora hoje na internet. Além de permitir que se simule de forma muito próxima a experiência até agora imbatível do iPad e do iPhone, a opção pelo HTML 5 tem outra vantagem importante. Permite também que os aplicativos sejam portados para outras plataformas com relativa facilidade e com mais rapidez.
“Nosso objetivo era fazer que o consumidor pudesse ler o jornal em qualquer celular ou computador com uma única assinatura”, afirmou à Reuters o CEO do FT, John Ridding. Versões para tablets da Samsung, Motorola e BlackBerry sairão em breve.
Fonte: Exame
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